Por
muito tempo quase caía no negativismo quando se falasse da juventude do nosso
século. Estava aos poucos me convencendo que a nossa geração é a pior da
história da humanidade. Só não caí porque durante as minhas leituras deparei-me
com Descalzo encorajando a Juventude. Ele fala de várias e outras expressões
que quase todas as gerações se acusam, expressões como: São jovens de agora…não têm futuro…são irresponsáveis.
Fez-me
perceber que todas as gerações acham-se melhores que as precedentes. Há quem
diga, com toda a convicção, que a maneira de viver dos jovens hodiernos é
melhor que a dos nossos antepassados, mas há quem, com muita certeza, defenda o
contrário e prefira viver no ontem, onde a tranquilidade era tarefa de todos, e
não algo que exige sacrifício para ser conquistado; em que a natureza reinava
sem cessar, as árvores floriam mais alegres, os pássaros cantavam e até
dançavam, conhecia-se os tipos dos pássaros só pelo chilrar, o Sol brilhava
ardentemente, as árvores davam frutas saborosas, tudo era mais claro e
lampejante, as árvores não eram proibidas de viver. Hoje os pássaros não mais
cantam, porque foram substituídos por telemóveis, TV, rádio.
É gratificante? Não sei, mas também concordo
com Mendonça quando diz: “Passamos pelas
coisas sem as habitar, falamos com os outros sem os ouvir, juntamos informações
que nunca chegamos a aprofundar. Tudo transita num galope ruidoso, veemente e
efémero. Na verdade, a verdade que vivemos impede-nos de viver”. Apesar da
juventude actual ser muito parcial nas coisas, não é a pior da história. Mas
não deixa de ser verdade que também “mete muita água”. Essa juventude é capaz
de vender a alma por um smartphone, a
dignidade por um copo de cerveja, o corpo em troca de fotos tiradas pela câmara
profissional, gastar todo o salário em uma noite com amigos e prostitutas,
enquanto a esposa e os filhos passam fome, é capaz de casar para fazer festa e
amanhã divorciar-se do parceiro, matar para garantir um bolo de cannabis, violar as medidas de prevenção
de COVID-19 por causa de um copo de cerveja.
É
dessa juventude que estamos a falar, que tudo é normal a seus olhos, temer a
Deus é sinónimo de cobardia. É dessa juventude que estamos a falar, que criou o
seu próprio mundo, o mundo da ilusão onde se gasta a vida sem mesmo tê-la
vivido.
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