PROVÉRBIOS MACUAS

 


Provérbios são frases simples, mas que expressam outra realidade mais profunda, nalgumas vezes para decifrar é preciso ter ajuda do nativo da proveniência do tal provérbio.

Há casos em que são partilhados de uma cultura/idioma para outra. Conhecer provérbios de uma determinada cultura ou idioma é uma pequena inserção e é importante na comunicação entre os povos.

Abaixo partilho consigo alguns provérbios Macuas, sua tradução e a respectiva explicação. Antes, importa referir que Macua é a principal língua nativa de Moçambique, falada por cerca de 4 milhões de pessoas do grupo étnico macua, membro do conjunto de povos bantus.

Falar de cultura moçambicana sem mencionar a cultura desse culto povo é como ir para Roma sem visitar Vaticano ou ir para França sem visitar a Torre Eiffel.

 

1-      Kivaheni mwettó wa enelele

            Dai-me uma perna de formiga

Expressão proverbial usada para se pedir água à dona da casa quando se vai de viagem

2-      Mukivahe máse (ntoko) nitho na retthé.

Dai-me água na medida do olho de um ratinho.

Significa que o recipiente de água que se pediu venha tão cheio, tão cheio, que a água transborde como os olhos do ratinho, que, de grandes que são, parecem saltar das órbitas.

3-      Murupa, mutakahe

           O saco de viagem é receptáculo onde se misturam as coisas.

O saco de viagem dos Macuas costuma ser feito da pele inteiriça de uma gazela, depois de convenientemente curada e amaciada por processos primitivos.

4-      Murupa ni ephepa wàtàna.

O saco de viagem e a farinha são amigos.

Em tempos que não vão ainda distantes, era hábito dos africanos, quando se faziam ao caminho para uma terra longínqua, meter no saco de viagem uma recalcada provisão de farinha para acudir às necessidades da alimentação. 

5-      Mattiyokho osiva omóxa mutakhwani.

A mandioca é saborosa quando assada em pleno mato.

A mandioca, que, de tão comum, parece um alimento trivial, torna-se assaz preciosa quando não dispomos de outra coisa para comer. Já lá dizia o moleiro na velha história do rei perdido na floresta: Com fome até o pão de cevada sabe a mel…

6-      Omwara namakhata kahiyene ohiphwanya.

Vestir uma camisola barata não quer dizer ser pobre.

Quando um homem se mete à lida do campo para sachar o milho ou arrancar a mandioca, envergando umas calças rotas ou uma camisa às tiras, não se segue daí que se trate de boa pessoa necessitada.

Enviar um comentário

0 Comentários