Cornolândia,
02 de Agosto, 2022
Meu
querido!
Não
me vem à cabeça agora a melhor frase ou mesmo, palavra bonita e mais subtil
para dar início a esta minha carta. Motivos? Talvez porque o que quero te dizer não
tenha início, ou eu mesma é que não sei quando, onde, ou por que motivo começou.
Vasconcelos,
eu não sei como é que as coisas entre nós chegaram ao nível em que estão, mas
acontece que eu agora não consigo passar um dia sequer sem pensar em ti, sem
desejar estar a teu lado.
Eu
é que fui burra, admito, pois desde o início de tudo, tu foste sincero, franco
e honesto comigo, disseste que não devíamos misturar as coisas, pois tu estás
comprometido, eu aceitei, e não era realmente suposto que eu me apaixonasse por
ti, mas no coração não se manda, “the wants what it wants”, lembras-te
dessa música da cantora americana Selena Gomes, que dirigiu ao seu ex-namorado
Justin Bieber? Sei que sim, ainda te lembras, pois algumas vezes cantámos juntos.
Como
é que cheguei a me apaixonar por ti? Realmente eu não sei, mas me lembro que a
nossa relação de amizade ganhou novos ares, novas características quando eu
descobri que o meu namorado, aquele estúpido, filho legítimo do diabo; sim,
aquele sacana e idiota de Valente – que de valente não tem nada – me andava a
cornear com uma das minhas colegas da
escola, a Honória.
Quando
descobri isso, fiquei muito traumatizada e chocada, que por pouco me enforcava,
se não tivesses sido tu a me socorrer. Na altura nós os dois nos conhecíamos,
mas não éramos próximos e a traição de Valente valeu para a nossa aproximação,
porque eu te procurei e me abri contigo, contei-te tudo, com se de uma
confissão se tratasse. E aí tu fizeste valer o teu nome, VASCONCELHOS, na
verdade, a segunda parte dele: CONSELHOS. Tu ajudaste-me com os conselhos
práticos que me fizeram levantar do chão, do fundo do poço ao qual Valente
havia me atirado.
Graças
a ti eu consegui me recuperar da relação com Valente e, por causa do nosso
contacto, que era frequente naquela altura, eu acabei me esquecendo que eras uma
pessoa comprometida e ME APAIXONEI, e agora não quero mais nada que não sejas
tu. Sei que por direito tu não podes ser meu, não posso te ter da maneira que
eu quero, mas o que vou fazer com este sentimento que carrego dentro de mim e
me queima dia após dia, a cada minuto e segundo? Como esquecer tudo que sinto
por ti? Como viver sem escutar a tua voz à noite, sem ler a tua mensagem logo
às 05h, quando tu acordas para bendizer e louvar a Deus? Deus me perdoe, mas eu
me apaixonei por um homem muito comprometido e não consigo me desapaixonar.
Lembras-te
de quando me perguntaste se eu me considerava romântica, e eu não soube te
responder? Na verdade, é que naquele dia tu me apanhaste de surpresa e, de
facto, não esperava aquela pergunta. Mas hoje te respondo: SIM! Eu me considero
romântica!!! Afinal o que é ser romântico senão uma maneira de encarar o mundo
com amor e carinho!?
Eu
sou romântica porque vejo o mundo como um lugar onde há muitas oportunidades de
ser feliz, cada dia é uma chance que temos para marcarmos diferença, deixarmos
as nossas pegadas na areia do tempo.
Romantismo tem a ver com isso, não somente romance/paixão, como este sentimento que tenho por ti. Pois bem! Já te respondi, e agora volto á minha angústia, ao meu eterno choro, ao sofrimento infinito. Vasconcelhos, eu peço-te, o que sinto por ti, ou então, ensina a me desapaixonar de ti, do mesmo modo que me ensinaste a me desligar do Valente.
Tenho
ainda muita coisa a te dizer, coisas que não as digo por mim própria, pois se
dependesse de mim, eu não te falava nada disso em respeito ao teu compromisso
que te propuseste a cumprir até ao fim.
Mas
eu sou impelida pelo meu coração e meu corpo que dia e noite clamam por ti,
chamam e reclamam a tua ausência.
Cheguei
a te escrever esta carta porque desde que te falei, na nossa última conversa,
do que realmente sinto por ti, tens me evitado muito, não tens correspondido às
mensagens de texto e não me atendes quando te ligo, e isso está me matando,
literalmente.
Deus,
por que os melhores homens são os proibidos?
Não podias chamar os inúteis e
desgraçados, como o Valente? Vasconselhos, vem em minha ajuda, eu te imploro,
ou eu vou morrer infeliz. Não quero que deixes o teu compromisso, mas que eu
também seja parte do teu compromisso. Será que é pedir muito?
Mercilávia Marcos
1 Comentários
Cornolândia, pedindo ser amante… realmente as coisas são assim hoje em dia!
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